3.7.07

 

Ameaças Persistentes


As notícias das tentativas de atentados terroristas na Grã-Bretanha, por parte de radicais islamitas, vêm comprovar, para quem tivesse dúvidas, que, sejam quais forem os seus graus de riqueza ou a sua formação, seja qual for a ocupação profissional destes agentes – engenheiros, médicos, químicos, etc. – a sua identificação superlativa faz-se, invariavelmente, em relação à religião, mais do que a qualquer outra condição : são muçulmanos.

Esta identidade sobrepõe-se a todas as demais. O que unifica esta gente é o Islão. Sejam analfabetos ou universitários, ricos ou pobres, hajam nascido no Médio-Oriente ou na Europa, a sua fidelidade cumpre-se para com o Islão, sempre e em qualquer circunstância, e não com outra Entidade, por mais generosa que esta tenha sido para com eles.

A Europa deveria reflectir seriamente nesta realidade, em lugar de se iludir com as chamadas razões económicas ou com actos de guerra, presentes ou passados, que com o Islão mantém ou haja mantido.

Ainda recentemente, os irmãos islâmicos da Palestina, divididos em dois grupos rivais, mas irmãos no sangue e no culto, desataram a matar-se, num acesso de brutalidade estarrecedor, sem nenhuma contribuição dos seus arqui-inimigos israelitas, aliados aos sionistas-americanos, como tradicionalmente repetem, eles e os seus obcecados protectores ocidentais, sempre dispostos a arranjar um álibi para tanta loucura, que, na falta de alvos exteriores, sobre eles fratricidamente se exerce.

Convém procurar entender a realidade, em vez de lhe lançar o preparado manto da ilusão.

AV_Lisboa, 03 de Julho de 2007

1.7.07

 

Balanço de Três Anos



Há três anos, quando aqui cheguei, o ambiente era de grande predominância de oposicionistas ao Governo de Durão Barroso. O esquerdismo marcava também o terreno, sempre muito veemente, muito indignado, dando curso ao conhecido mandamento de Soares, com os rumos da Política de então.

Passado pouco tempo, com Barroso em Bruxelas e Santana à cabeça do Governo, a veemência da indignação subia de tom, voltando-se para Sampaio, visto como o facilitador da solução encontrada, sem questionar a putativa leviandade de Santana, que, pressuroso, aceitava a passadeira vermelha do Poder, sem a legitimação do voto popular.

Haveria de lhe sair cara tanta facilidade de acesso à chefia do Governo da Nação. Um imenso coro mediático encarregava-se de sublinhar e ampliar todos os seus passos em falso, todas as suas pequenas incoerências, até à mais completa exaustão.

Dir-se-ia que a besta oferecia o dorso às farpas, correspondendo quanto podia na multiplicação das peripécias, às vezes obra de ditos amigos de Santana.

Em escassos quatro meses, o benefício da dúvida havia terminado. Sampaio congraçava-se com a sua esquerda socialista, despedindo o causador da infelicidade dos portugueses.

Já outra estrela, menos palradora que a anterior, mas, ainda assim, bem industriada no remoque, no dize-tu-direi-eu, das sessões parlamentares, brilhava no horizonte socialista, com discurso ameaçador, tremendista, sob a capa de um possuído intuito ultra-reformador, pronto a exigir sacrifícios, a cortar benefícios aos mandriões da classe média portuguesa, apontados como responsáveis da tão fraca prosperidade económica nacional.

A mesma imprensa que ajudara a enterrar Santana, mostrava-se agora, esperançosa e mui colaborante com o novo candidato a timoneiro da mal aparelhada nave governamental.

Durou algum tempo a ilusão com o novo Governo socialista. Aos poucos, os seus arautos foram baixando a voz, suavemente desaparecendo no horizonte, ficando em campo apenas os mais indefectíveis ou tão-somente os que sentem as sinecuras generosamente distribuídas subitamente inseguras, eventualmente ameaçadas.

Enquanto a sanha dita reformadora se concentrou nos funcionários públicos, reduzindo-lhe privilégios, diminuindo-lhes o Estatuto, recolheu o Governo o apoio dos sectores mais economicamente liberais da nossa sociedade, os tais que, a coberto da necessidade de conferir competitividade às Empresas, logo pretendem rebaixar direitos e salários à generalidade dos trabalhadores, ao mesmo tempo que se atribuem a si mesmos, na qualidade de Gestores ou Administradores, rendimentos exorbitantes, de autênticos marajás, para despachadamente se permitirem vidas de sibaritas, sem os inconvenientes do excesso de calor e da proverbial ineficiência oriental, nalguns casos, todavia, já completamente desmentida.

Entretanto, a voracidade socrática começou a dar mostras de apetite insaciável, na ocupação do Estado, tolerando mal a oposição, sequer a dissenção da sua obscura, espúria, ortodoxia política, a mil léguas do socialismo ou da social-democracia dos fundadores.

Aqueles que tanto se erguem contra a Direita, sempre apresentada como pré-fascista e em que englobam tudo o que não usa o rótulo de socialista ou de esquerda, dispõem agora de uma oportunidade soberana para demonstrar que se batem por valores e não por paixões clubistas, sectárias ou interesseiras.

Nestes três anos, entretanto decorridos, muita coisa se passou no plano político, com larga preponderância do Partido Socialista, cada vez mais transformado numa máquina de angariação de lugares, no Estado e na Sociedade, para distribuir por amigos, muita desta gente sem qualquer preocupação de coerência política, na maioria das vezes, já sem pinga de formação doutrinária.

Onde estão, afinal, os socialistas do PS ? Ter-se-ão todos rendido à vacuidade socrática ? Que dirá esta gente do súbito autoritarismo revelado pelos militantes socráticos, que aos poucos tentam intimidar todos os que ainda não se entregaram às delícias da nova União Nacional ?
Esta última onda de instigação delatória, até ao presente bem sucedida, deve, acima de tudo, esconder um projecto de monopolização do Poder, afastando, sob pretextos fúteis, todos os que, no seio do Estado, sobretudo, ocupam lugares de relevo, mas não pertencem, qual pecado irremissível, à grande família dita socialista.

Se esta fúria sectária não encontrar oposição séria dos cidadãos, de esquerda ou de direita, que respeitam os valores da tolerância e da livre expressão das ideias, poderemos cair numa situação de enorme asfixia política, malsã, e da qual nada de bom certamente sairá.

Esta tendência perigosa dos ditos socialistas portugueses deve ser desassombradamente denunciada e combatida quanto antes. E, para acudir a esta tarefa, todos não seremos demais, como se diz em bom português.

Procurarei corresponder a esta necessidade aumentando a frequência destas modestas mas não despiciendas intervenções, ainda que sacrificando a sua extensão e o espectro do seu alcance temático.

AV_Lisboa, 01 de Julho de 2007

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